O que pode a infância na vida adulta?
Modos infantis de não achar respostas prontas para perguntas difíceis
Na contramão de alternativas universais, princípios totalizantes e do elogio ao amadurecimento, nós propomos modos infantis para o enfrentamento de grandes questões existenciais. Ou seja, infancializar os percursos da vida.
Nossas bases percorrem desde o sistema filosófico Wolof, passando pelos cosmosentidos Dagara e a cosmologia judaico-cristã até estudos contemporâneos de crianças e infâncias.
Um dos nossos pressupostos é de que a infância não deve ser compreendida apenas como uma fase da vida, mas, sobretudo, como uma condição de experiência humana, um sentido catalisador que permite reinventar o mundo.
Um percurso interessado em recusar o desenvolvimento; mas, assumir o infantil envolvimento com a mais-valia de vida. Uma atitude responsável e comprometida com a necessidade de resistir ao esquecimento da infância, ao avanço da adultidade e às utopias futuristas que apostam no amanhã.
Renato Noguera
Renato Noguera foi iniciado na tradição Griot pelo avô e criado no tradicional bairro de Oswaldo Cruz no Rio de Janeiro. Em sua pesquisa sobre a infância lança o olhar para a arte e educação, articulando artes visuais, dança, literatura, música e teatro às práticas educativas com crianças.
É doutor em filosofia e professor do programa de pós-graduação em educação, contextos contemporâneos e demandas populares da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e do programa de pós-graduação em filosofia da mesma universidade, se dedicando a um vasto universo de pesquisas, entre elas a filosofia africana.
Desenho de percurso
10 de novembro
09h às 18h
O que é infância?
O que pode a infância no mundo?
Exibição de um filme seguido de roda de conversa sobre a infância como sexto sentido
Em termos afroperspectivistas, infancializar quer dizer experimentar a vida de uma maneira brincante que assume a instabilidade, a impermanência e o reconhecimento de vivências e relações com outros seres de forma interdependente.
Vamos começar o percurso investigando o que pode a infância na vida adulta. Um convite para olhar a infância como sexto sentido e se reaproximar daquilo que nos torna seres biocêntricos, curiosos e criativos: a infância como cumplicidade cosmológica com o existir.
Os cinco elementos da cultura dagara
terra, água, mineral, fogo e natureza
Experimentações ritualísticas laicas
Quem sou eu no mundo?
A cosmovisão Dagara entende que o mundo se articula a partir dos elementos fogo, água, mineral, terra e natureza e que cada pessoa está ligada a um deles desempenhando um papel específico na comunidade.
Fogo: sonho, criação e conexão com a ancestralidade
Água: sabedoria, concentração e reconciliação
Terra: identidade, capacidade de nutrição e suporte da comunidade
Mineral: comunicação, história e memória
Natureza: conhecimento de si, capacidade de atravessar mudanças e desafiosVamos experienciar rituais laicos com os elementos dagara para relembrarmos e nos conectarmos à nossa força trazida ao mundo.
11 de novembro
09h às 14h
Máscara neutra e produção de infâncias, cosmosentidos:
visão, audição, olfato, tato, paladar e Infância
A objetificação é insuperável?
Máscara neutra é uma estratégia da dramaturgia, mas, aqui será trabalhada nas dimensões dos seis sentidos (audição, tato, olfato, paladar, visão e "infância") e na elaboração da nossa face infantil. Um tipo de máscara do rosto sem máscara. A face do que fomos primeiro e ainda somos.
Exercícios de democracia: a infância na roda
Pesquisa compartilhada na construção de micropolíticas para a vivência do dissenso.
A democracia é um exercício de conviver com o repúdio. Os exercícios de democracia têm relação direta com o "espelho" e as formas de refletir quem somos. Daí, a tese de que democracia precisa romper como narcisismo infantil e assumir o infancializante olhar de Oxum diante do espelho.
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Um convite para uma experiência de duração com pessoas interessadas em
diferentes modos de aprender e viver junto.
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